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Incentivar a produção de trigo em Mato Grosso do Sul é meta do governo

Cereal é o único produto sobre o qual o País não é autossuficiente, aponta ministra Tereza Cristina.

Um dos principais produtos importados pelo Brasil, o trigo tem sido preocupação do governo federal. Em entrevista exclusiva ao Correio do Estado, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina Dias, disse que a produção do cereal precisa ser incentivada no País. 

O governo do Estado estipulou como meta o aumento da área plantada em Mato Grosso do Sul.

“Mato Grosso do Sul já teve uma área maior de produção de trigo, que depois encolheu por [causa de] uma política para esse produto que privilegiava as importações, mas hoje nós voltamos a incentivar a produção de trigo. Com certeza, Mato Grosso do Sul tem tecnologia para isso e tem sementes apropriadas para a produção de trigo no cerrado. A Embrapa tem trabalhado em cima de variedades mais apropriadas para o cerrado brasileiro, e o Estado estaria incluído nesta retomada da produção de trigo, principalmente como cultura de inverno”, explicou Tereza Cristina.

Atualmente, Mato Grosso do Sul tem cerca de 20 mil hectares nos quais o trigo é semeado. De acordo com o superintendente da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Rogério Beretta, o Estado já foi um grande produtor do cereal. 

“O que aconteceu com o plantio de trigo no Estado foi que a qualidade e o preço do importado começaram a prejudicar os produtores, caindo consideravelmente a área plantada. É meta do governo do Estado que a gente cresça novamente nesse plantio de trigo, mas, para isso, a gente está contando com as pesquisas de variedades novas, que garantem maior qualidade do plantio no inverno. O trigo é uma excelente opção para rotação de cultura, com o milho como segunda safra”, considerou.

De acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), o cereal já foi a segunda maior safra de Mato Grosso do Sul.

 “Antes se cultivava soja e, na sequência, entrava o trigo. Com o tempo, a produção deixou de ser viável economicamente, e o milho passou a ganhar mais espaço. Outro fator é que, no geral, a cultura precisa de frio para cumprir uma das etapas, caraterística que restringe o desenvolvimento da atividade em somente uma região do Estado”, explicou, por meio de nota, o departamento técnico da Federação.

O superintendente da Semagro ainda reforçou que o governo estadual trabalha em parceria com a Embrapa para que o plantio do cereal seja incentivado em MS.

 “O Estado tem condições sim, e é meta do governo trabalhar para que essa área plantada aumente. A gente tem trabalhado com a Embrapa para termos novas tecnologias em relação a resistência à época do inverno, baixas condições de chuvas e melhora da qualidade do produto”, reforçou Beretta.

Abertura de mercados é benéfica

Em reunião ministerial com o presidente Jair Bolsonaro no dia 22 de abril, cujo vídeo foi liberado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, cobrou a redução de juros para o crédito rural e reforçou a necessidade de abrir mercados no mundo para aproveitar a onda de formação de estoques em alguns lugares, aguardada para o período pós-coronavírus.

 “O que nós precisamos é baixar os juros. A agricultura não aguenta 9% de juros, é muito alto para ela”, afirmou Tereza Cristina.  

A ministra disse ainda que haverá uma nova ordem depois do coronavírus, com a formação de estoques de alimentos por muitos países, onda da qual o Brasil poderia se aproveitar como exportador.  

“Muitos países vão colocar regras para ter estoque novamente, que eu acho que não é nosso caso. Nós precisamos ter acesso a mercados e precisamos incentivar o trigo. É o único produto que o Brasil não é autossuficiente”, ressaltou Tereza Cristina durante a reunião.

Fonte: Súzan Benites/ Correio do Estado | Fotos: Divulgação/EmaterRS

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