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Sistemas integrados do Centro-Oeste são beneficiados pelo cultivo de trigo

A valorização do trigo na última safra e as vantagens do grão nos sistemas de produção no Cerrado têm despertado o interesse de agricultores da região, sobretudo os que rotacionam culturas sob irrigação.

Este é o cenário traçado pela Embrapa, no Dia de Campo Trigo Irrigado, realizado em setembro pela empresa estatal em parceria com a Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF).

Segundo a Embrapa, com o aperfeiçoamento do manejo, produtores têm conseguido explorar o potencial de cultivares com produtividades médias superiores a 100 sacas por hectare (sc/ha).

Responsável técnico da COOPA-DF, Claudio Malinski disse que a cooperativa precisa incentivar o cultivo do trigo na região não apenas para obter matéria-prima de qualidade para o moinho, mas também por causa dos benefícios que o cereal traz às demais culturas em sistemas de rotatividade.

"Devemos produzir cerca de 400 mil sacos (de farinha) e estamos pagando R$ 982 pela tonelada do BRS 254 (variedade do trigo) e R$ 910 pela tonelada do BRS 264", destacou Malinski, que participou do Dia de Campo realizado na propriedade de Jolmir Cenci, no Distrito Federal.

Cerca de 40 cooperados, representando uma área plantada próxima de 8 mil ha, fornecem trigo à Coopa-DF.

A produção esperada nesta safra para o trigo irrigado deve ficar em torno de 750 mil sacas, com produtividade média de 93,75 sc/ha.

A rotação do plantio é um dos principais itens do manejo integrado para prevenir doenças nas culturas agrícolas.

O pesquisador Angelo Sussel, da Embrapa Cerrados, explica que a formação de palhada do trigo tem efeitos positivos, mas é preciso evitar outros negativos.

"A palha impede que as plantas daninhas venham na cultura seguinte, deixando a área limpa após a colheita do trigo. Mas ela também contém o inóculo de todas as doenças que ocorreram na área naquele ano.

Então, com a colocação de outras culturas em seguida, conseguimos que essa palha apodreça e não esteja mais presente no próximo ciclo de cultivo do trigo.

Essa é a importância da rotação de culturas", destaca Sussel, acrescentando que a ausência da palha reduz a infecção por manchas no cultivo seguinte de trigo.

Recomendações de manejo

Apesar da diversidade de sistemas irrigados na região, a Embrapa faz algumas recomendações básicas de manejo do trigo para os produtores.

"Fazemos um apanhado das situações encontradas e geramos uma recomendação de manejo básico para que o produtor não cometa erros que levem à perda de produtividade e tenha sucesso na condução da lavoura", explica o pesquisador Jorge Chagas, da Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS).

O pesquisador apresentou as recomendações para os componentes mais importantes do manejo das cultivares de trigo da Embrapa a partir de resultados de ensaios em áreas de produtores do DF, de Cristalina (GO) e de Unaí (MG).

O primeiro fator a ser observado é a semeadura, que pode ser a lanço ou em linha, com o uso de semeadora.

A segunda opção é a mais recomendável por ter diversas vantagens, como profundidade do plantio mais adequada, economia de sementes, maior eficiência no uso de fertilizantes, conservação do plantio direto, possibilidade de uso de herbicidas pré-emergentes e, principalmente, maior uniformidade do arranjo de plantas.

"Boa parte das sementes a lanço ficam pouco profundas. Na época do enchimento de grãos, pode haver perdas por acamamento (quando as plantas caem, prejudicando a produtividade), porque a planta estará pouco ancorada ao solo", observou Chagas.

A época de semeadura recomendada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a partir de estudos de zoneamento agrícola de risco climático para o trigo irrigado na região, é de 11 de abril a 31 de maio.

No entanto, as pesquisas têm levado à indicação da janela de 5 a 20 de maio, datas menos favoráveis à brusone.

Caso o produtor decida semear após o dia 20 de maio, deve utilizar as cultivares BRS 394 ou BRS 254, mais tolerantes a eventuais chuvas durante a colheita, em setembro.

Fonte: Dourados Agora

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